domingo, 31 de janeiro de 2010

Acordei em Paris

Essa é minha primeira carta parisiense e eu queria confirmar que me emociono a cada vez que saio de casa porque Paris venta poesia. Hoje sai com os olhos pintados, levei a câmera pra ver se capturava qualquer pedaço do que tenho visto na ultima semana: prédios anciãos, pernas com meias, sol do inverno, fones de ouvido que aquecem, crepe de nutella, mapa de metro, luz, luzes, cafés com cadeiras montadas pra espetaculo, formules, cartazes de metrô, motos bicicletas trens, nao sobra espaço para. Quando piso la fora, nesse frio nada delicado, eu nao consigo escolher se vou pra esquerda ou pra direita; é estranho não ter uma direção especifica, um plano, um desenho. é incrivelmente livre, mas assustadoramente livre.
No pompidou, pela segunda vez, corri pro final da galeria e li divinas vezes o trabalho de cores da Jenny holzer. est-ce que tu connais? Li assim vomit your heart, e ai, procurei por pessoas que eu pudesse agarrar pelo braço e dizer: leia isso leia isso. você seria uma dessas. Leu isso? Avec, uma porçao de coisas intensas, uma sequencia de gays da Nan Goldin com a bjork sussurrando numa salinha escura.
Me lembrei agora que voce viu isso com o corpo aqui, assim é bom, que você compreende além das palavras. Sinto uma dorzinha de maos vermelhas, mas minha vida esta un peu cinematografica. De cinema pequeno, filme desconhecido: nele, nao me acostumo com o manuseio das coisas vestindo luvas. Combinaria se apaixonar, escrever um livro, olhar pessoas um dia inteiro. Dentro dos corredores das estaçoes outros mundos, j'ai eu peur. Mas faço uma reza interna, ensaio te escrever só em francês e beber muito vinho.

Me escreve? Bia