domingo, 20 de dezembro de 2009

Te conto que o meu dia seguinte foi tão oposto que quase quebrou o encanto que a música de vocês havia criado. Foi como um copo de muito folêgo, um agora eu acredito, ver que esse amor-matéria constrói uma das coisas mais bonitas que ja vi. Mas aí, eu estava la num dos meus portos seguros, ontem, que ja é o dia que passou (ainda bem), lendo as cartas de Sophie, treinando meu francês e imaginando as francesas, seus gestos, suas palavras. E o tempo de horas adiantadas foi escavado, te digo, as coisas as vezes parecem ter de acontecer.
Eu tinha saído mais cedo do trabalho, gastei um certo tempo conversando na plataforma de baixo, e quando é quando, o reconheci pela mão, incrível, pela mão.
Dei dois passos para confirmar os traços, era a mão e o corpo todo. Virei pros meus próprios pés, nao querendo cruzar olhares, fingindo que nada era estranho: ele abraçava as pernas de uma que nao vi a frente, não quis, isso nao pertence mais a mim. Continuei pelos degraus pretendendo que pelo menos o meu corpo ainda me pertencesse, sorri, falei sobre o assunto do momento entre os que estavam comigo, encontrei aquele que me da carinho, abri a porta pro vento, e chorei em silêncio afastada. Foi triste saber como ainda me desmancho por isso. Não é triste porque não existimos: não eramos, nao é.
Como você diz: 'eu vezes eu, ,quanto que dá? tem muito que dar agora, agorinha, mesmo que nada seja pra já, preciso desse agora.
Me diz? um beijo

domingo, 21 de junho de 2009

Lucenne me disse segunda que adora tomar sorvete no inverno. eu concordei: "nao gosto de tomar no verao, porque nao gosto de ficar com a mao melada sentindo calor". ela concorda, dizendo que no verao derrete mais rapido. eu soletro maldiçao depois que ja dei as costas pra pessoa que me deu raiva; sabe quando voce ensaia? eu ensaio depois. pensando devia ter dito isso isso e isso. Eu nao te imaginava com vergonha. agora imagino. Todo nós somos iguais em alguma costura. Pra mim empadao, empadinha, e empada sao a mesma coisa, so muda o tamanho: como cachorro, cachorrinho e cachorrao. nao acha? resgatei do desejo de hilda hilst da minha prateleira nova para tentar explicar o porque do meu caderno de vida liquida. Li la leticias e tres palavras com L que nao me recordo e nao tenho o livro aqui perto. Estou bem longe de casa. enfim, queria saber o significado desse palavra quando nao substantivo proprio. me conta? Nao vi seu ultimo show, me acabei numa festa de musicas do leste europeu que eu realmente nao imaginava tao divertidas. Te aplaudo no proximo. Penso que quando se encontra o cara do alzheimer quem sofre mais sao os outros. Mas isso é so pensamento meu. Julia minha amiga de olhos azuis diz ao namorado que assiste ao futebol: esse amor nao vai render. Engraçado como homem absorve o futebol como nós, a forma sensiiiiivel. Mas eu conheço homem que fecha a cara pra isso, e conheço mulher pedra bem dura. Acho até que eu deveria me juntar com homens que nao gostam de futebol porque eu nao entendo nada daqueles homens correndo atras de bola. eu também, com o meu coraçao.
Um beijo meu.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Alou Letícia. Ta me escutando? ensaiei uma porção de respostas, mas não enviei nenhuma. Ontem essa coleçao fez um mês, então, resolvi mudar essa situação. Sabe que eu nunca fui na sala Cecília Meirelles? Adoro programas não programados. Daqui ha 5 dias completo 21 anos, a maioridade confirmada. Poderia ir a clubs em NYC. Tenho a sensação de ter rodado caminhos+caminhos, e rodado em torno do meu próprio eixo também. Me descobri em imensidões; mas tem sempre uns litros de coisas mal resolvidas não é? Ontem tive o semi-encontro que temia ha tempos. Eu o vi (de costas), não sei se ele me viu. Não sei o que senti. Acho que o achei lindo por trás, como sempre achei. Chorei quando sentei no sofá, depois continuei a vida. Talvez eu esteja pensando alto, mas já que chorar não adianta, a gente extravasa, conta, reconta, até encher o saco. Eu me confesso, menos ao Padre. Je ne regrette rien mesmo.
A cidade foi lavada a pouco, eu enviei aquela cartinha à Madame Monsieur pra ver se eles me aceitam em seus aposentos no ano que vem. Essa sua historia dos homens imaginariamente armados só me faz lembrar do quão paranóica tenho andado depois daquele caso do ônibus do metrô. Porque a gente imagina sempre que possa existir sempre algo pior, e é isso que nos faz recuar. Eu sou a maior medrosa do seu circulo de amigos, pode crê.
Você não se sente um pouco mais insegura a cada dia que passa? É horrível essa vulnerabilidade embutida na nossa existência; ainda mais como mulher.
Eu também não seria política. Nem vegetariana.
Acho lindo isso de você não vestir a roupa de famosa e furar fila. Sei lá, sou daquelas que pensa nos pequenos atos que constroem os grandes.
Eu escuto seu espaço uma vez por semana. já te disse que as vezes até choro de tão verdadeiras que são essas musicas? Ganhei esse pijama de vaquinha, ganhei também uma bolsa de fundamentação no Parque Lage. Um colar de cetim e um balde de água fria que me disse: para de achar que só tempo cura. Você se cura também. Engraçado como coisa boa pode virar doença. hm?
Letícia, eu já pensei em fazer essas lutas de auto-defesa. Foi na época que eu saia domingo final de tarde sozinha da praça XV. (parece que foi há anos isso) Minha segunda opção foi comprar uma mascara, tipo a do Pânico. Porque luta, eu ia demorar pra aprender, e teria que me dedicar; demandaria tempo e esforço. Além das palavras, eu nunca fui muito agressiva.
Finito é aqui. Vou ver se consigo ingresso pro Caetano zii&zie.
Feliz dia das mães pra sua mãe mais serena e articulada do mundo.
Beijos meus

segunda-feira, 6 de abril de 2009

#4

oi, bia!
ontem fui na sala Cecília Meireles. foi tudo tão sem querer. eu e lucas fomos comer peixe no nova capela, ali na lapa. todo mundo vai lá comer cabrito, a gente só vai lá pra comer truta. se bem que ontem foi linguado. foi mais caro, mas foi gostoso demais. aí o lucas leu na parede “camerata de violões – do conservatório brasileiro de música. lançamento do cd”. na foto, 8 homens com seus violões. era dentro de meia hora. ficamos curiosos e corremos pra lá. foi bem engraçado porque era um clima bem família, e eu e ele com as nossas roupas. mais assim... você sabe. daí tá. entramos e nisso uma senhorazinha que distribui filipetas entrou na sala e ficou dando umas filipetas, dizendo “são as últimas, hein, pessoal”. ela era velha tipo papel enrugado, cabelinho molhado pra trás. quando eu olhei pra filipeta, era só do mês de março. bichinha. atrasada. mas tão fofa. nisso, uma coisa incrível aconteceu. eu vi um divulgador cultural ao vivo. em pleno século 21. achei tão classudo. um senhor levantou de sua cadeira e começou a falar muito alto para que todos pudesse ouvir: “gostaria de recomendar o filme tal tal tal” só que claro, muita gente, não deu atenção e infelizmente eu não pude ouvir o filme recomendado. quando ele acabou o recado, ele sentou na cadeira de volta, esperando os oito violões em ação. aliás, foi bem bonito, música me carrega pra tanto lugar, maravilha. ora, estou numa torre medieval, ora corro infantil por um gramado de macarrão. que bom que existe, que lindo é poder ouvir. depois passeamos de skate na lagoa e bebemos a melhor água de coco do mundo. sabe umas que descem perfeitas? foi assim ontem. lucas comentou sobre uma vez que uns paisagistas fizeram uma instalação num morro que tem ali perto da pedra da gávea e foi um alvoroço porque os ambientalistas ficaram putos com o tratamento dado aos animais daquele lugar. como eles viveriam com aquelas luzes em cima deles? concordamos com eles, embora a gente coma carne toda semana. e adore isso. na volta pra casa, o mundo me enervou mais uma vez. no túnel, um carro, desses que a gente tem medo só de olhar: vidro fumê, placa questionável, cano escapando, e um som nas alturas. essa espécime de carro entrou na minha frente de tal maneira bruta, que seu eu não fosse sagaz, iria provocar um baita de um trânsito no túnel. entrou assim, pá, pum, se lançou. emputecida, liguei o farol alto em cima deles e não mais delisguei. não mais. na saída do túnel, os caras dentro do carro, começaram a fazer sinal de armas, com as mãos, pela janela. muito ameaçada por aquelas mãos com dedos, ainda continuei com o farol irritante, quando passou um mini caminhão, que há metros atrás, tinha me divertido pois ele ouvia bryan adams, e eu comentei com lucas “que caminhoneiro mais brokeback mountain”. ele riu e disse “deve ser rádio, lelê”; pois esse mesmo caminhoneiro passou por mim e disse “deixa eles pra lá, esquece”. consegui esquecer, e diminui o farol. no viaduto, as linhas da pobreza e da classe média se dividiam, e eles, claro ou infelizmente ou eu-sei-onde-eu-moro, seguiram por outro caminho, ainda me ameaçando com suas armas imaginárias.
engoli trocentos sapos a adolescência inteira. dei pra ficar saidinha demais por esses tempos. acreditando na máxima “ficar calado é cooperar com o opressor”. minha mãe diz que eu me desgasto. terrível. mas não consigo. não consigo. tenho pensado em fazer taekwondo (valeu google). claro que tenho uma visão super kill-bill da coisa toda. mas acho que posso me aliviar. você topa em fazer? que te parece?

em tempo, ainda sobre educação e tal tal tal:
sábado fomos num show. do mesmo evento onde há duas semanas tocamos. nem por isso, me valho de algum sobrenome que possuo e furo a fila. amo a companhia do lucas e acho que posso ficar uns 20 minutos observando a rua e tecendo comentários com ele. super posso. lá em cima, durante o show, um segurança me abordou: “você não pode ficar na fila não”. pensando que eu estava em alguma fila, olhei para os lados e perguntei “ãh?”. ele me explicou que eu deveria ter furado a fila, já que eu já cantei ali e coisa e tal. disse que nunca faria aquilo. ele riu. e ficou um pouco confuso. e eu me senti bem. pena que isso foi sábado. e os felás da puta com armas imaginárias foi domingo. me desgasto, menina. mas não, nunca seria política.
taekwondo, então?
beijos,
Letícia

ps: tenho certeza que sonhei com você, era casamento do meu irmão bernardo. era tudo diferente e tal. de repente, eu fazia aula de francês e você era da minha sala. num momento eu escrevia uma frase, queria tanto poder lembrar e você dizia “é isso mesmo”. me causando um aneurisma, eu acho que “je ne regrette rien”.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Para:

Hoje te vi atravessando a rua, depois de uma década. Parece que uma sensaçao esquisita
(re)aconteceu dentro de mim, e muito inesperada posso dizer. Até ereção eu tive. Tanto que comecei a dizer coisas em tom desnecessário e as pessoas próximas começaram a reclamar.
Eu sou sozinho, e ando sozinho. Nao quero soar pretencioso, mas sou o melhor sozinho que o mundo vai conhecer. Não é falta de gente ao redor, é que os meus ouvidos, ou cérebro...o corpo nessa toda combinação aí, se isolam da palavra gente. GENTE. isso mesmo.
Mas que nao é o seu caso, dado que lhe chamo de Cecilia. Cecilia ja é outro nome. E no meu mundo, durante muito tempo exisitiu: eu, Cecília (ou você) e gente.
Depois li numa notinha que embrulhei o abajur quebrado, algo sobre Londres, novo emprego com asiáticos, libras...e aí, meu corpo por inteiro deletou Cecília da composição.
Ganhei um livro no verão de 92 numa promoção do jornal. Ele falava sobre psicologia, dados de identidade, etc. Eu não me recordo de muitas coisas que li por la não, mas uma delas falava sobre amores platônicos, amantes nao correspondidos, fantasias de pessoas ideais. Só to falando isso porque tem gente que adorava insistir nessa definição enquanto eu falava de você.
Por isso resolvi te escrever, para que isso pudesse ficar só entre nós dois.
Te olhar era pra mim um movimento de prazer, mas tive que deixar isso para tras porque amar o que não me cabe é incoerente e desgastante. No fim, não de mim, mas do nós, eu nao gritei nem quis quebrar porta-retratos (considerando também que nunca tivemos sequer uma foto juntos); eu me virei para ler atestados de óbito, pra ver se entrava no clima mórbido.
Escolhi guardar pra mim tudo que se pode sentir quando se perde um pedaço: nem traduzi, nem imprimi.
Esta, é sim, a primeira vez que tomo coragem pra lhe falar do amor que tive.
Inútil, sei que a via é única (tomei meu último gole de café).



Carta para alguém que nunca lerá.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

carta três (talvez eu pare de contar)

Carta pra ninguém ou carta pra mim mesma:


"So I looked for your eyes

And the waves looked like they'd pour right out of them
I'll try hard, I'll try always
But it's a waste of time
It's a waste of time if I can't smile easily
Like in the beginning
In the beginning..."


Eu, Isadora, prometo a partir de hoje (28 de fevereiro de 2008), nunca mais me apropriar dos desejos alheios. Isso faz sentido? – afinal, pra quem pergunto se ninguém vai ler, relembrando que essa carta é para mim ou para ninguém, o que dá no mesmo, visto que ando sem comer, bebendo na hora do pão com manteiga e fumando na hora do suquinho da tarde. Ainda não sei se a coloco numa garrafa, tipo antigamente, ou se a deixo cair na rua, tipo performance ultra moderna, dessa gente süpër descolada da cidade. Gente que mostra o pentelho em festinhas onde ninguém se olha no olho. Escrever cartas é tão 1989. Em oitenta-e-nove tinha eu 13 anos, pentelhos iniciais e nenhuma vontade teatral de mostrá-los em eventos cariocas. Adivinhação é um perigo, trabalha num campo fantasmagórico de chutes. A maioria na trave. Me aproprio. Quedjabéisso que tenho de achar que sei o que outra pessoa acha, sente, deseja. Que diabo é isso. Que diabo é isso. Preciso repetir pra tentar saber responder. Esse demônio que habita minha orelha esquerda é engraçado. Fala cada merda. E tem muita fome, o que me irrita quase sempre. Acho que essa carta vai ser para Tilibra mesmo. Essa grande incentivadora da minha escrita. A música que escrevi, e só escrevi para ver a diferença da música cantada para a música escrita, é bem bonita e ouvi agorinha mesmo e doeu um pedaço do meu pulmão, achei estranho doer ali, mas faz sentido, já que não tenho conseguido respirar direito. Já que não tenho comido bem. Já que não tenho negado cigarrinhos. Já que você não me deu seu número novo.

No mais é isso. Viciei em borrifar alfazema no ar. Lou-cu-ra.
Beijos pra mim, eu que me masturbo pensando em mim mesma.
Lou-cu-ra!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Marília,
Daqui recomeço,
me deu uma coisa só de pensar que você manda cartinhas escritas para o meu primo Cláudio, o amante da minha irmã do meio, lembra?, que se ca(n)sou há uns três anos de papel e tudo mais. olha, Marília, estou abrindo aqui em Miracema uma vendinha de coisas reluzentes e trequinhos vermelhos, um luxo! me custaram a pele da bunda, mas pretendo, com os lucros, abrir negócio para lá de honesto para você:
um sobrado que dá para o rio, os fundos para um jardim de alfaces,
a sala dá gosto de entrar, subir correndo as escadas, quem chega primeiro? eu vou sim te buscar São Paulo, nos prometemos fazer amor no criado mudo, gritar baixinho para que a vizinhança não se ofenda e chame, quem mesmo? e, quando a gente enjoar, e se, reabrimos o negócio com outro nome: LiLi's. já estou até vendo romeiros chegando com os bolsos do lado esquerdo cheios de pedidos. alvará e tudo.
Marília, sou que usted, sou socialista, divido tudo menos o meu Nobel da Pintura.
beijos cavernosos, Eduardo


(enviado por Lucenne)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

resposta 2

Marília,

como você, só a Gabriela, mas ao contrário de tua única xará, ler “ma-rí-lia” faz meu pau subir e você ainda veio com literatura cheia de guéri-guéri. Tá querendo me matar, mulher? Olha que ainda te fertilizo. Só ainda não fui porque existe um papel chamado dinheiro e apenas com esse papel eu consigo comprar cerveja belga, um livro despretensioso, e pagar a conta de água para poder tomar banhos quentes, que é mais ou menos o que costumo fazer para matar a saudades da sua cara de raposa. Todos nós temos cara de animais, você também vê isso? Já entendi que sou do clube com face aviária. Só ainda não sei que tipo de ave eu seria. Você é mais pra felina, mas não gatinha, esses seres blasés que me causam atchins, mas também não chega a ser tigresa. Aí já extrapola uma domesticação que te pertence. E que eu tenho que disfarçar as calças de tanto tesão quando te penso. Teu recado de topar o básico e negociar o resto vai ser rasgado por mim em todas as ruas da cidade. Tenho ouvido moderno, coração não.

O boi do seu sonho era magro ou gordo? Fui num site sobre significados dos sonhos e dependo um pouco do peso para interpretar melhor – te contei que larguei a análise? Mas li outras coisas que bem me interessaram, do tipo: “Quanto a este sonho, você deve estar muito bem em matéria de potência sexual. Também deve ser muito teimoso ou rebelde, muito forte e, às vezes, desejado. O boi vermelho é o primeiro chacra, centro de energia localizado na base da espinha dorsal e que representa o mundo material.”

Assim me despeço, estrela solitária botafoguense, te desejando de 10 em 10 segundos, tipo memória de peixe,

Beijos nos lábios, de todos os tamanhos.

Carta 2

Cláudio, escuta

baixinho aqui na tv tem uma dona do sexo falando de verrugas brancas na genitália femin...Deixa pra lá.
Eu ia te ligar ontem, mas minha voz anda cansada de ouvido, então estou apelando pra caneta (do cara do gás, porque na bagunça da mudança não encontro sequer uma). Não é delírio nenhum; estou querendo ficar com os lábios, os grandes, apertados, e seria O fim alugar filme pornô. né não? Sabe que já pensei em largar o bom senso e mandar anúncio pra jornal:
Gleisiane (pseudônimo), peitinho duro, mamilos bonitos, olhos azuis, um céu na cama. Topo o básico e negocio. Esdrúxulo isso! Pode ficar com vergonha alheia.
Pelo menos eu pulo a azaração, blablabla inicial, risinho desmanchado com resposta pra perguntas indizíveis; economizo na gasolina e na dor de peito partido no triiiiim do relógio escroto que comprei no camelô junto com meu amor próprio. 07:00 AM !
Você sabe que com você também foi assim, e mesmo que eu tenha dito que sou do tipo que passeia passos sem pegadas, que não me amarro nem em mim... meu dentro se amarrou. E foi em você. Eu escrevo pra ver se você larga as ferramentas, a gata cor de leite e o Botafogo pra vir correndo pra São Paulo.
Nem ligo se você tem família. Se você não tem, pouco ligo.
Eu não sou do tipo que sonha com domingo na sogra, chá com as primas e buquê. Só quero peso largo em cima do meu pluma; verdadeiramente me dilacerando, te deixo dizer até palavrões. Mas vêm? Meu lençol tem margaridas e colônia de engano. Diz que vêm? Porque meu grito escrito é urgente.


Ah, ontem sonhei que um boi verde mastigava a carta que fiz pra você. Vou correndo colocar esta no correio.

Um beijão da Marília.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Resposta 1

E como é que se escreve carta? Eu só mando email de formato pronto.
ok, saudações, obrigada com meu nome e contato.


Então. vou tentar: Querido Marcos (como sou criativa, hm? pelo menos honesta),

como aí neva, aqui derreto. Num Rio típico de janeiro, o calor me enlouquece, fico com pizza e nada elegante. Trabalho sem parar, por isso só respondo agora. Responsabilidade empilhada,que me deixa em hora extra que só relaxo quando fico no vazio: aumentei agorinha o rádio, na Jovem Pan, a unica rádio que consegui sintonizar (não das minhas favoritas). Por sorte, resolveram fazer um top 10 80's e me lembrei de nós dois, também, nos escangalhando de risadas alcóolicas dançando Information Society na beira da piscina lá de casa. É, faz tempo que nao me escangalho de rir; acho que nem a do miojo adiantou.
Esse papo de documentário me lembrou uma coleção de fitas da Discovery Channel que meu pai tinha. A minha favorita era Piranhas, não sei se por parecerem mais perigosas. Eu permanecia estática, com olhos arregalados em frente a televisão com videocassete acoplado, por 5 minutos exatos, que era o tempo que as piranhas demoravam para devorar os bois burros que cruzavam o rio. Aposto que agora você deve estar pensando: e você cronometrou?
Escuta Marcos, eu também pertenço ao grupo que confunde leões marinhos e focas. Se isso tudo não foi história de língua solta, pois não me lembro bem se taurinos não espirram só uma vez; Faz tempo que eu.... Sei que mentem um pouquinho. Mentira (eu também sou taurina)Verdade. Está aqui uma dúvida: como é que eles conseguem distinguir quem tem o direito sobre as fêmeas e quem não tem? Pelo tamanho do pau, imagino? Mas que todos os rejeitados encontram uma válvula de escape, ah encontram. Sabe querido, que essas suas palavras até me amolereceram um pouquinho. Me amolecem o corpo, o dia, e até virei os olhos agora pra ter início de orgasmo vendo você por inteiro. Desculpe se não ando muito mulherzinha. Nao vou repetir a frase do faz tempo, corro o risco de você nem terminar esta carta. Esse tom saudosista que aplicamos nas palavras, é, faz bem pra início de conversa. Mas preciso me adiantar pra esses lados quentes, vê se arrumo uma cor, que além de sem açucar, ando desbotada também. Talvez a cor que você sempre quis: detestava mulher com marca de biquini. uma coisinha: descobri que sou alérgica a azeitonas. Picadas ou não.

Um beijo caloroso, pra não soar tão informal.
penso em você, que quer dizer, sinto sua falta. Carina


ps: você continua fumando?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

carta 1

Canadá, dezembro, preguiça de conferir o dia (aqui não preciso disso), 1998.

Querida, adormeci vendo um documentário espetacular. Mas como o sono foi pesado, não saberia dizer se a história é com leões marinhos ou focas. Forço a memória e concluo que é mais provável ser leão marinho. Pois. Só alguns podem cruzar. Sim. Só os mais valentões (não sei como são feitas as definições) têm direitos de irem até às leoas e levar um papo mais quente. Os leões que não podem sofrem tanto com a abstinência (ou virgindade?) e ficam tão revoltados que saem matando filhotes dos vizinhos. Não é impressionante? Pensei em todas as guerras mundiais e na falta de buceta (ou cu também). Tá lá o leão marinho, doido de amor, querendo entrar na leoa, e aquela desconhecida resistência que o espanta. E para NOSSO espanto, ele desconta o amor não concedido nos filhotes, mais fracos, de bobeira no caminho. Esse ensaio de carta é só porque ouvi essa história e lembrei da época em que investi meu tempo em você. Você e as reações mais legítimas universais. O problema é que você era a leoa com poder de escolha e também uma filhota no meio do caminho. Eu te quis e te trucidei. Que guerra particular arriscada em me meti.
Agora neva muito e tive essa turbulência toráxica e achei melhor escrever. Espirro sempre 3 vezes, não era você que dizia que taurinos nunca espirram uma vez?
Não sei pedir desculpas, ainda mais com essa minha caligrafia, mas sei contar piadas. Você lembra disso? Que eu sei contar piadas?
Um cara foi ao médico e já estava bem ruim o seu estado e ele tinha recebido a notícia que tinha mais 5 minutos de vida (imagine só ter mais 5 minutos de vida!), daí ele pergunta :
- Doutor, o que você pode fazer por mim ?Aí o cara manda:
- Analisando as circunstâncias, um miojo!
Me escangalhei de tanto rir agora. Espero que você daí também. Lembrei dessa porque tenho feito bastante uso de tal alimento, se é que pode se chamar de alimento.
A verdade é que (como se tudo que escrevi até agora foi mentira) sinto sua falta todo dia. Ou penso em você todo dia? Dá no mesmo? Queria sua ajuda. Mentira! Vou desvendar sozinho. Mentira!
A real é que hoje neva muito, e ao invés de necrosar dedos, resolvi fazer miojo e querer de volta aquele dia que você inventou de picar azeitona pra jogar nele.
Eu beijei essa carta aqui, ó:
(toque seus lábios, por favor)










Marcos.