quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cherie, lhe contar isso sera com uma conversa sem foco final, mas acredite ha razao. Sendo o meu subconsciente por vezes mais participativo, e por isso parte importante do meu corpo biografico, eis aqui as historias dos meus sonhos.

Um prato de sopa de cebola tentava ser erguido por um pequeno barbante, que é claro, o entornaria. Pedi ajuda para um tio. acho que demorei para chegar no segundo andar, ele largou por la o prato cheio, que ficou vazio em seguida.
Familiares e famosos trocavam carinhos treinados, como clipes dirigidos, existia até uma fotografia pensanda.
Minha irma num karaoke, romance com o segurança do bar. As noites kafkanianas, as vezes de cortázar, sem duvida muito hilda hilst. Sexualidade aflorada.
Todas as vezes que me chateei, eu sai da brincadeira, da conversa, do jogo. E alguem vinha com um presente. Em uma das vezes, ganhei o livro da beatriz milhazes. recusei. Nao vao comprar um silencio ou ternura. Estou brava.
Um rapaz deitado numa cama me declarava seu amor;"Eu realmente sou apaixonado por você. se nao, nao teria vindo". E nada mudava dentro de mim: fita-lo, ouvi-lo, senti-lo, nada mudava dentro de mim. Nada me habitava.
A serviço de que? eu entrava em um quarto desconhecido para encontrar tres atores,(na ficçao era real), fazendo sexo a tres como uma novela dos anos 90.
Num outro quarto, encontrei minha irma (mais uma vez, acho que ela me faz uma falta considerável), eu havia retornado de Paris, e me dei conta de que o tempo tinha sido curto. Eram só 2 meses depois, abril, e ainda existia em mim uma vontade de tentar falar francês. Me achei entao preocupada. Eu nao tinha informado a minha colocatrice que sairia antes, nem mesmo tinha pego tOdas as minhas coisas que preenchem aquelas paredes-prateleiras.
No meu corpo real, nao precisei chegar a um certo fim para realizar que tudo isso me fara falta. Eu sinto tudo no sonho. E me fez falta o bastante, lhe explico, essas prateleiras que nao tenho em casa, e paris de bicicleta.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Acordei em Paris

Essa é minha primeira carta parisiense e eu queria confirmar que me emociono a cada vez que saio de casa porque Paris venta poesia. Hoje sai com os olhos pintados, levei a câmera pra ver se capturava qualquer pedaço do que tenho visto na ultima semana: prédios anciãos, pernas com meias, sol do inverno, fones de ouvido que aquecem, crepe de nutella, mapa de metro, luz, luzes, cafés com cadeiras montadas pra espetaculo, formules, cartazes de metrô, motos bicicletas trens, nao sobra espaço para. Quando piso la fora, nesse frio nada delicado, eu nao consigo escolher se vou pra esquerda ou pra direita; é estranho não ter uma direção especifica, um plano, um desenho. é incrivelmente livre, mas assustadoramente livre.
No pompidou, pela segunda vez, corri pro final da galeria e li divinas vezes o trabalho de cores da Jenny holzer. est-ce que tu connais? Li assim vomit your heart, e ai, procurei por pessoas que eu pudesse agarrar pelo braço e dizer: leia isso leia isso. você seria uma dessas. Leu isso? Avec, uma porçao de coisas intensas, uma sequencia de gays da Nan Goldin com a bjork sussurrando numa salinha escura.
Me lembrei agora que voce viu isso com o corpo aqui, assim é bom, que você compreende além das palavras. Sinto uma dorzinha de maos vermelhas, mas minha vida esta un peu cinematografica. De cinema pequeno, filme desconhecido: nele, nao me acostumo com o manuseio das coisas vestindo luvas. Combinaria se apaixonar, escrever um livro, olhar pessoas um dia inteiro. Dentro dos corredores das estaçoes outros mundos, j'ai eu peur. Mas faço uma reza interna, ensaio te escrever só em francês e beber muito vinho.

Me escreve? Bia